sábado, 30 de junho de 2012

Um retrato daquela tarde.

E eu quis pintar um retrato daquela tarde:
uma sala de jantar elegante
uma anfitriã só ternura
quatro "gatos-bibelôs"
alguns visitantes
Guloseimas
e uma despedida.

Quando essas tintas preencheram a tela
vi que algo destoava.
Recomecei.

Uma mesa de vidro.
Um chão de madeira.
Lágrimas. Muitas.
Ombros amigos.
Doçura maternal.
Uma despedida.

Encarei minha obra por um tempo.
Ainda faltava algo.
Chorei.

Repintei:
Coração [tinha muito]
Insegurança
Confissões
Desejo de parar o tempo
E uma despedida.

Parei de novo.
Imperfeito.
Desisti.

Por fim,
pintei uma tela de vermelho carmim.
E escrevi, com tinta branca "saudade".
Bem grande. Bem no meio de tudo.

sábado, 16 de junho de 2012

Ao som de sua música preferida, ela dançava.
Sem ritmo, sem coreografia...
Ela só balançava o corpo, se imaginando a mais linda dançarina.
No final, fazia uma reverência ao público imaginário.
E até agradecia as rosas jogadas no palco (que na verdade era apenas a solidão do seu quarto).
E ela conseguia escutar os aplausos dos fãs apaixonados.
Deslumbrante, fazia outra reverência.

E lhe diziam que era tudo sonho.
Mas, com um dar de ombros, ela só sorria.
E ia embora, alegre, para mais um espetáculo.
Ela era feliz assim... Que importava o que os outros diziam?